A história de Augusto, o menino que trouxe cores a “Lugar Nenhum”, recebeu novos espectadores na manhã do último domingo (26). Cerca de 50 moradores das Vilas Reencontro do Anhangabaú e Cruzeiro do Sul I, projeto da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) e implementado pela Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI Brasil), assistiram ao espetáculo “O menino de Lugar Nenhum” no Teatro Sérgio Cardoso. Localizado na região central da cidade de São Paulo, a iniciativa aconteceu por meio de uma parceria entre a AVSI Brasil; o Teatro Sérgio Cardoso e a Associação Paulista Amigos da Arte.
A peça, apresentada pela Cia. Panela, conta a história de Augusto, uma criança colorida nascida na cidade “Lugar Nenhum”, uma vila cinzenta com moradores tão sem cores quanto o local. Diferente de todos, Augusto enfrenta a intolerância dos habitantes de sua terra natal e, para resolver seu problema, conta com a ajuda de um cientista para torná-lo cinza como os outros moradores da cidade.
Daniela Martins dos Santos, moradora da Vila Reencontro Cruzeiro do Sul I, acredita que passeios como esse são divertidos e que gostaria de conhecer cada vez mais lugares culturais como teatros e museus. “Por exemplo, eu nunca fui ao teatro antes, foi a primeira vez. Para mim e para minha filha, foi muito legal”, afirmou. Gilmara Rodrigues, moradora da mesma vila também viu o passeio como algo positivo. Para ela, é essencial esse tipo de iniciativa voltada às crianças. “É importante trazer cultura para as crianças, principalmente. As minhas filhas gostaram muito. Tenho uma filha de 9 meses e a gente brinca com o nome dos personagens, dá para ver que ela conseguiu entender a história. Eu fiquei muito contente, foi muito bom mesmo”, enfatizou.
A história de Augusto reflete a vivência de diversas minorias na sociedade, como aponta a Teatro de Panela, companhia responsável pela peça. Para eles, “o Augusto representa todas as pessoas que possam ter se sentindo diferentes ou excluídas pela sociedade em algum momento de sua vida. De alguma forma, todos nós somos diferentes e é exatamente nisso que encontramos nossa essência e beleza”, apontam. Eles destacam ainda que o ponto central do espetáculo é incentivar o respeito e compreensão a toda diversidade. “Para nós, um dos principais objetivos da arte está na transformação social a partir do reconhecimento de nossa humanidade”.
Administrado pela Associação Paulista Amigos da Arte, o Teatro Sérgio Cardoso possui espaço reservado para atender públicos como o das Vilas Reencontro. Para Marcio Gallacci, produtor artístico da instituição, por se tratar de um teatro público, ações como essa são extremamente importantes, pois trazem a possibilidade de ir ao teatro para pessoas que, por falta de recursos ou de oportunidade, não poderiam ir. “O grande diferencial é o fato de que a arte, a cultura e o teatro tem um poder fantástico na educação e na formação do ser humano. Quando existe essa ponte com pessoas que estão em situação de vulnerabilidade e que não possuem acesso à arte e à cultura, é brilhante”, destaca.
Heli Mansur, gerente do projeto Vilas Reencontro pela AVSI Brasil, destaca que iniciativas como esta vão diretamente ao encontro da metodologia proposta para as vilas. Ele pontua que a garantia de direitos fundamentais como o acesso à cultura e à políticas públicas é uma forma de promover, integrar e incluir os moradores das Vilas Reencontro. “Expressões culturais como o teatro são valiosos instrumentos de formação cidadã, além de possuírem o importante papel de aumentar os conhecimentos e enriquecer o repertório cultural”, finaliza.
Vila Reencontro
A Vila Reencontro é um projeto da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), implementado pela Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI Brasil). A iniciativa tem por objetivo oferecer moradia transitória e contribuir para o desenvolvimento integral de famílias que se encontram em situação de rua no município de São Paulo, apoiando para que recuperem seu protagonismo e reconstruam sua a autonomia para uma saída qualificada da situação de vulnerabilidade social. Ao todo, as Vilas Reencontro do Anhangabaú e Cruzeiro do Sul abrigam cerca de 80 famílias.
