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Região metropolitana de Belo Horizonte recebe grupo de migrantes e refugiados venezuelanos para trabalhar em fábrica de congelados

Nove famílias que estavam em centros de acolhimento em Roraima serão interiorizadas pelo projeto Acolhidos por meio do trabalho, como apoio a ações da Operação Acolhida

A expressão “colocar a mão na massa” terá um sentido literal para nove famílias de migrantes e refugiados venezuelanos que serão interiorizados de Boa Vista (RR), para Itabirito, região metropolitana de Belo Horizonte nos próximos dias. Uma fábrica de pães congelados contratou dez venezuelanos para trabalhar na cidade – nove deles chegam nesta semana, com suas famílias, totalizando 30 pessoas. Uma família, composta por sete integrantes, desembarca em janeiro, finalizando o processo de interiorização após validação de vacina de um dos cinco filhos. O voo do primeiro grupo será fretado de Roraima para Belo Horizonte e em seguida, o grupo viaja de ônibus, em deslocamento organizado pela força-tarefa da Operação Acolhida, até a cidade mineira de Itabirito, onde vão reconstruir suas vidas.

A oportunidade de emprego surgiu com a iniciativa da Cerennia Alimentos, empresa do ramo da panificação, que abriu o processo seletivo para venezuelanos em Boa Vista. A interiorização do grupo para Minas Gerais contou com a parceria da AVSI Brasil, que implementa o projeto Acolhidos por meio do trabalho e prevê moradia temporária por até três meses para todo o grupo e o acompanhamento de um assistente social para apoiá-los na integração com a empresa e na comunidade local durante esse período. No primeiro mês, os venezuelanos irão dividir uma acomodação temporária com capacidade para abrigar todo o grupo, no distrito de São Gonçalo do Bação. Neste período a AVSI Brasil irá fornecer transporte diário para o trabalho. A partir do segundo mês, cada família será realocada para residências individuais por dois meses.

Segundo a gerente do projeto na AVSI Brasil, Thais Braga, esses cuidados iniciais são um incentivo para garantir a estabilidade do grupo na nova localidade. “A moradia temporária e o acompanhamento social são para que essas pessoas consigam economizar seus proventos e a partir do quarto mês na cidade, já estruturados, conquistem autonomia definitiva”, explica.

Todos os contratados começam as atividades neste mês e terão treinamentos para interação com os demais colaboradores e adaptação com os procedimentos da empresa. Entre as atividades, estão previstas oficinas sobre boas práticas, produção e qualidade de alimentos e educação financeira. Eles já concluíram todas as etapas do processo seletivo e estão com as documentações e exames médicos em dia – inclusive o exame de Covid-19, providenciado pela AVSI Brasil para a viagem. A empresa também adota medidas preventivas em seu quadro de colaboradores, como controle de higienização, uso de máscaras, aferição de temperatura diária, além de monitoramento de possíveis sintomas entre os funcionários frequentemente.

As administradoras Francilene e Janaína Vaz são irmãs e fazem a gestão da empresa há 20 anos e, atentas à situação migratória da Venezuela e de outros países, enxergaram nisso uma oportunidade para inserir novos colaboradores no grupo e também visando suprir uma demanda real, que era a procura por mão de obra na cidade. “Estávamos com certa dificuldade em preencher algumas vagas e ouvimos referências de outras empresas que contrataram venezuelanos em São Paulo, então resolvemos buscar essas informações para viabilizar o processo aqui em Itabirito. Esta inclusão é uma novidade para todos nós, mas queremos conhecer outras culturas e ajudar de uma forma diferente”, revela Francilene.