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São Paulo: Morador da Vila Reencontro Cruzeiro do Sul dá pontapé inicial para busca da autonomia por meio da agricultura

Beneficiário pretende melhorar a qualidade de vida por meio do cultivo de hortaliças.

Na Vila Reencontro Cruzeiro do Sul, em São Paulo, o morador Carlos Antônio está dando o pontapé inicial em um projeto que visa conquistar a autonomia por meio da agricultura. Sua ideia é promover geração de renda, sustentabilidade e o desperdício zero de alimentos.

O objetivo de Carlos, em parceria com os colegas do curso, é criar uma horta baseada nos princípios do Desperdício Zero e da autossuficiência, com dinâmica de distribuição e plantio, para buscar garantir a frescura e a longa vida dos alimentos, desde o cultivo até o consumo em casa.

“Eu só deixo isso aqui por dois motivos: se eu morrer ou se ficar doente.” Foi o que disse Carlos Antônio, enquanto mostrava o trabalho que está sendo desenvolvido na horta do espaço. Ele, que é beneficiário do Programa Vila Reencontro, é também, um dos alunos mais fiéis das aulas de horta e jardinagem ministradas pelo professor e agrônomo Rui Signori. Além disso, dedica-se diariamente, inclusive nos finais de semana, aos cuidados do espaço, que está sendo construído pouco a pouco em conjunto com os colegas de turma.

“A minha ideia é fazer com que o alimento continue vivo na casa da pessoa que o adquire e que ela possa ter o tempero disponível, sempre fresco por um longo tempo. Ela levará para casa em um vasinho feito com caixinha de leite ou saquinho de papel. Em sua casa, poderá deixá-lo perto do fogão ou em cima da geladeira, regando e colhendo sempre que precisar,” conta Seu Carlos.

A ideia do beneficiário visa proporcionar melhor qualidade de vida por meio da alimentação e, além disso, conquistar sua própria autonomia. “No futuro, tenho a ideia de criar caixas com diversos temperos e vendê-las pelas ruas. Se sobrarem, não tem problema, pois posso replantá-las no solo, garantindo o desperdício zero”, afirma.

Carlos ainda fala que, mesmo quando ele sair da Vila Reencontro e conquistar sua casa e a autonomia junto com a família, não vai abandonar o projeto. “Vou continuar cuidando da horta e vou ensinar outras pessoas, pois, do mesmo jeito que essa horta está fazendo bem para mim, também fará para as outras pessoas que passarão por esse projeto” conclui o morador.

Pensando na ideia do beneficiário, o professor Rui desenvolveu atividades e parcerias com instituições que já trabalham com hortas, para que ele e os outros alunos tenham outras perspectivas e possam aprender com a experiência prática de outras pessoas. Carlos, Jullyanna e Ulisses, todos moradores da Vila Cruzeiro e alunos de Rui, tiveram uma aula prática sobre germinação e plantio na fazenda urbana da Liga Solidária, na região do Butantã, Zona Oeste de São Paulo.

Genilson Rodrigues, responsável pela horta do local, ensinou as técnicas necessárias para o pontapé inicial na construção e estruturação da horta com qualidade e eficiência. Para Genilson, começar o projeto do zero é um trabalho que exige muita técnica e conhecimento. “É preciso ter o coração duro para trabalhar com agricultura, se uma planta não vinga, você tem que tirá-la, para não prejudicar a qualidade,” reforça o profissional.

Após a aula prática, os alunos receberam 200 sementes germinadas de seu Genilson para serem plantadas na horta da Vila, iniciando, assim, a produção dos alimentos. A horta foi batizada por Carlos como “Horta Chico Mendes,” em homenagem ao ativista ambiental que lutou pela preservação do meio ambiente e por condições que possibilitassem aos extrativistas e seringueiros a geração de renda sem a devastação da floresta, resultando no uso sustentável dos recursos.

Chico Mendes foi morto em 1988 no Acre, tornando-se mártir do meio ambiente. Carlos explica que o nome surgiu por conta de uma infeliz coincidência pessoal: Chico foi assassinado no mesmo dia em que ele sofreu um acidente que marcou a sua vida, no Pará.

As aulas de horta e jardinagem são mais uma das iniciativas da AVSI Brasil no programa das Vilas Reencontro para a promoção da autonomia plena, tornando as pessoas protagonistas do próprio desenvolvimento.