A direção da AVSI Brasil visitou, nesta quinta-feira (06), os municípios de atuação do projeto Segurança Alimentar para o Semiárido de Pernambuco. A atividade foi vivenciada por meio do encontro com famílias que receberam o sistema bioágua familiar e participaram de oficinas de educação alimentar. Houve também a participação em uma reunião de avaliação com agricultores, parceiros e apoiadores do projeto, realizada no auditório da Secretaria de Agricultura de Garanhuns.
Uma das famílias visitadas foi a de Vânio José da Silva, em Jupi, onde foi construído o bioágua piloto. Durante o encontro, a equipe técnica conversou com o agricultor sobre as tecnologias sociais utilizadas em Pernambuco para captar água, sobre o bioágua familiar, a importância em ser a única tecnologia que reutiliza águas cinzas para o desenvolver a agricultura familiar e os desafios de implantação do sistema.
O que no início gerava dúvidas e incertezas, hoje pode ser constatado por meio do funcionamento do sistema e principalmente dos quintais produtivos. “No início muitas famílias não acreditavam porque nem conheciam o bioágua. Hoje, outras famílias estão querendo. Já podemos ver os plantios”, contou a coordenadora do Conselho de Desenvolvimento Rural e Sustentável de Calçado, Lucineide Alves.
O Assentamento Pereiro I, em Lajedo, é um dos exemplos dessa mudança de percepção sobre a tecnologia. Mesmo sendo uma das áreas de maior vulnerabilidade social entre os municípios envolvidos com o Projeto, percebe-se, em apenas dois meses de funcionamento do sistema, quintais produtivos sortidos. Além da alimentação saudável como promoção da segurança alimentar familiar, o Projeto tem possibilitado o aumento da renda. Há famílias no assentamento que já estão vendo o excedente dos produtos e gerando renda mensal extra de R$ 160,00.
À tarde, a equipe participou de uma reunião de avaliação do projeto. A atividade tinha como objetivo ouvir os beneficiários, parceiros e apoiadores para entender como a AVSI pode dar continuidade às atividades de assistências às famílias atuando em duas frentes: continuação de incentivo à produção agroecológica; e organização dos agricultores para comercialização em feiras.
Para o secretário de Agricultura de Caetés, Lucivalter Santana Bernardo, um projeto com esse escopo permite promover a alimentação saudável e o fornecimento de alimentos aos municípios. Ajuda também a integrar o trabalho das secretarias de educação e de agricultura para potencializar programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “Estamos otimistas e queremos ampliar esse sistema além dos 26 que estão sendo construídos no município”, acrescentou o secretário.
Para a secretária de Educação, Cultura e Desportos de Calçado, Ilka Rejane Barros, a organização e o apoio não apenas aos pais agricultores, mas também às famílias e crianças foram muito bons. “A introdução de alimentos saudáveis na escola é muito difícil junto aos alunos, mas quando isso vem da família, facilita”, pontuou a secretária.
Os quintais produtivos ajudaram a perceber como a introdução do sistema, a assessoria técnica em agricultura e agroecologia e a educação alimentar tem ajudado as famílias na mudança de seus hábitos alimentares. “O bioágua sozinho não funciona. Por isso, integramos educação e nutrição. Nosso papel enquanto instituição é ajudar a concretizar um processo educativo que ajude as pessoas a gerarem seu próprio desenvolvimento”, concluiu o diretor geral da AVSI Brasil, Fabrizio Pellicelli.
