Por Maiara Bersch – Roraima
Um novo espaço voltado ao acolhimento e ao desenvolvimento de crianças pequenas foi inaugurado nesta quarta-feira (29), no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Pacaraima, em Roraima. A Bebeteca foi pensada para oferecer experiências sensoriais, culturais e afetivas para bebês, crianças pequenas e seus cuidadores.
A iniciativa é fruto de uma parceria entre a AVSI Brasil, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e a Fundação Van Leer. Segundo Débora Davies, gerente especial na AVSI Brasil, o projeto foi pensado de forma a criar um espaço acolhedor, seguro e com estímulos positivos. “A bebeteca é um lugar para brincar, ler, explorar e estar junto. Mais do que um espaço bonito, a Bebeteca é um ponto de encontro e conexão”, explica.
A primeira infância é uma fase única, cheia de descobertas, afetos e aprendizado. É nesse começo da vida que o cérebro se desenvolve mais rápido e que o cuidado, o brincar e o vínculo com o adulto fazem toda a diferença. Inspirada na abordagem da pediatra húngara Emmi Pikler, a bebeteca vai além de um espaço de brincar: ela propõe um ambiente que estimula o movimento livre, o respeito ao tempo de cada criança e a construção de vínculos afetivos com os cuidadores.
O espaço é dividido em áreas que favorecem a exploração sensorial, com esteiras de fibras de arumã, livros infantis e elementos culturais da região. Chamam a atenção os detalhes da decoração, que valorizam a identidade local, como bonecos de pano que representam diferentes etnias, adornos da cultura indígena feitos pelas comunidades próximas e um carrinho-baú recheado de livros que incentivam o respeito pela diversidade.
Para Waldery D’Avila Sampaio, prefeito de Pacaraima, a Bebeteca representa mais do que um local de brincadeira. “É um espaço muito importante para a primeira infância. A criança vem brincar, se divertir e também interagir. Estamos muito felizes e agradecidos por essa iniciativa”, afirma.
Localizada na fronteira com a Venezuela, Pacaraima é considerada cidade-irmã de Santa Elena de Uairén. Além de ser uma das cidades brasileiras mais impactadas pelo fluxo migratório venezuelano, está localizada em território indígena. Cerca de 59% dos habitantes de Pacaraima se autodeclararam indígenas e estima-se que cerca de 36% da população do município seja venezuelana.
Niusarete Margarida de Lima, coordenadora do Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização (SUFAI/MDS), destaca que a Bebeteca se integra às políticas públicas de acolhimento. “Nós estamos aqui em Pacaraima, na fronteira, onde há um fluxo intenso de migrantes e refugiados e, principalmente, famílias com crianças na primeira infância. Então, faz um diferencial esses espaços para que as crianças brasileiras e as crianças migrantes tenham igualdade de condições e espaços adequados para o seu desenvolvimento. As famílias se sentem valorizadas e essas crianças certamente vão ter um desenvolvimento e uma lembrança desse momento muito diferente do que as famílias muitas vezes passam na travessia durante a migração”, explica.
A bebeteca de Pacaraima segue o modelo de outros espaços semelhantes já implementados pela Fundação Van Leer em cidades como Recife e Salvador. A proposta é criar ambientes que respeitem a infância, promovam o acolhimento, o vínculo familiar e o desenvolvimento na primeira infância.
