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AVSI Brasil realiza seu 4° Comitê Técnico Operativo

Atuação, novos caminhos, direitos humanos e sustentabilidade são temas dos debates do CTO da AVSI Brasil

Com o tema “Gerar Beleza: Novos inícios nas periferias do mundo” a 4ª edição do Comitê Técnico Operativo (CTO) realizado em Belo Horizonte (MG), nos dias 18 e 19 de junho, recebeu 71 participantes, entre colaboradores de todos os escritórios da AVSI no Brasil, parceiros e membros da Fundação AVSI. O evento visa contribuir para a formação da equipe e discutir temáticas relevantes, considerando o contexto atual da organização.

Atuação e novos caminhos

No primeiro dia do encontro, o tema “Atuação e novos caminhos da organização” foi exposto por Giampaolo Silvestri, secretário geral da Fundação AVSI, que abriu o CTO com uma reflexão sobre os desafios e oportunidades para a AVSI como organização de atuação mundial.

Giampaolo relembrou a trajetória da ONG em 2014, mas com o olhar voltado para frente, ressaltando que agora é preciso pensar “para onde estamos indo e como fazer isso”. O secretário destacou ainda que o objetivo do trabalho deve ser sempre gerar desenvolvimento, formando sujeitos e não oferecendo “migalhas”. “Não pode haver falha entre o que afirmamos e o que fazemos”, pontuou Giampaolo.

Fabrizio Pellicelli, diretor geral da AVSI Brasil, abordou o tema “A AVSI e o novo contexto de crise no Brasil”. Segundo ele, organização não vem sentindo de maneira crítica os efeitos econômicos da crise, já que houve aumento da receita, mas o eixo socioeducativo – um dos principais setores de atuação da AVSI – sofre com a redução de fundos por parte das empresas.

Apesar do cenário aparentemente desfavorável, a ONG tem diversas possibilidades de crescimento nas áreas socioambiental, de direitos humanos e no setor energético, que foi tema de uma das mesas do dia.

Patrimônio da AVSI

Dos 387 colaboradores que trabalham hoje na organização, 268 atuam nos projetos de Eficiência Energética, o que evidencia a importância desse setor para a AVSI Brasil. As equipes trabalham em comunidades de baixa renda dos estados da Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro, substituindo aparelhos ineficientes (como geladeiras e lâmpadas) para reduzir o consumo mensal de energia elétrica nas residências.

As gerentes especiais do projetos, Márcia Ogando (BA), Tatiana Belo (PE) e Juliana Escorce (RJ) discutiram com os presentes no CTO todas as metodologias, o sistema de gestão e o gerenciamento de resultados que envolvem essa área de atuação da AVSI Brasil. A gerente geral da sede Rio de Janeiro, Paola Gaggini, também contribuiu com o debate apresentando os principais desafios dos programas de Eficiência Energética.

As atividades do primeiro dia de CTO foram encerradas com um diálogo entre as empresas parceiras da AVSI Brasil e os gerentes dos projetos, sobre os impactos para o terceiro setor e as pessoas no momento de incerteza pelo qual passa o Brasil.

Estiveram presentes Giovanni Rizzi, diretor geral da Stola do Brasil, Luiz Guilherme Gomes, Comunicação Corporativa e Relações com a Comunidade e Sustentabilidade da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e Gislene Santos Rodrigues, responsável por Projetos de Sustentabilidade da Enel Brasil.

Crise e crescimento

O presidente internacional da Companhia das Obras (CdO), Bernhard Scholz, participou de mais uma edição do CTO e dessa vez promoveu uma reflexão sobre como viver a crise econômica de forma que ela contribua com mudanças positivas.

Scholz pontuou quatro atitudes que podem ajudar líderes a superar junto com sua equipe um momento de incerteza: 1) Entender as causas, impactos, dimensão e consequências da crise; 2) Compartilhar os problemas com todos os colaboradores; 3) Criar uma estratégia, envolvendo as pessoas e 4) Priorizar a busca por novas receitas. “Uma crise bem vivida aumenta a coesão social”, concluiu.

Também marcaram presença no CTO 2015 e contribuíram com os debates Aurora Russi, consulesa da Itália em Minas Gerais, Giorgio Capitanio, senior desk Fundação AVSI, o Dr. Tomaz de Aquino e representantes de organizações parceiras da AVSI, como as Obras Educativas Padre Giussani, Centro de Educação para o Trabalho Virgílio Resi – CEDUC, Cooperação para o Desenvolvimento e Morada Humana – CDM e Associação Nossa Senhora Mãe dos Homens, além de gerentes e colaboradores das sedes da AVSI no Brasil.

Direitos humanos e sustentabilidade foram o foco das reflexões no segundo dia do CTO

Na sexta-feira (19), o CTO começou com uma visita dos participantes à APAC (Associação de Proteção e Apoio ao Condenado) em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte (MG). O grupo conheceu a estrutura e metodologia das unidades prisionais do programa onde o detento passa por um processo de recuperação, no qual são oferecidas oportunidades de trabalho e estudo para que ele possa ser reintegrado à sociedade após o cumprimento da pena.

A APAC foi apresentada à equipe da AVSI por condenados que cumprem pena na unidade, chamados de recuperandos. Ao final da visita, todos se emocionaram com o agradecimento dos presos pela parceria da AVSI Brasil que, por meio de um projeto, vem possibilitando o aprimoramento da gestão das APACs com o apoio da União Europeia. 

De volta aos debates do CTO, os participantes puderam conhecer um pouco mais da história das APACs e a aplicação da metodologia como política pública com a participação do diretor executivo da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC), Valdeci Antônio Ferreira, e o Juiz Auxiliar da II Vice Presidência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Luiz Carlos Resende e Santos.

“A APAC é uma alternativa viável para o sistema prisional brasileiro, uma vez que permite encontrar soluções em conjunto com os próprios recuperandos, além de reduzir os índices de reincidência e o custo per capita por preso”, destacou Valdeci.

Também participaram da mesa Cleubert Oliveira, que deu seu testemunho de como uma pessoa pode ser recuperada integralmente e a assessora da direção AVSI Brasil, Paula Alves, com um depoimento emocionado sobre a surpresa que teve ao visitar uma APAC pela primeira vez.

Desenvolvimento com sustentabilidade

Para encerrar o CTO 2015, a gerente de projetos Paula Leopoldino apresentou aos colaboradores um novo projeto da AVSI Brasil, chamado Alagoinhas Sustentável: arranjo participativo para o desenvolvimentoIniciado em março deste ano, o projeto terá duração de 30 meses.

A atuação será por meio de ações em comunidades do município do interior da Bahia, que sofreu o processo de favelização no entorno do polo industrial e da criação de uma estratégia de desenvolvimento sustentável no novo distrito industrial: “nosso objetivo é promover a requalificação urbana de Alagoinhas, desenvolvendo um sentimento de pertencimento na população”, pontuou Paula.

A mesa de Desenvolvimento Sustentável contou também com a enriquecedora intervenção da representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Márcia Casseb, que apresentou a metodologia da Iniciativa de Cidades Emergentes e Sustentáveis (ICES).

Com foco em cidades de médio porte da América Latina, o programa oferece apoio técnico visando a identificação, priorização e estruturação de projetos para melhoria da sustentabilidade ambiental, fiscal e urbana desses municípios. No Brasil, Goiânia (GO), Vitória (ES), Florianópolis (SC), João Pessoa (PB) e Palmas (TO) já tiveram planos elaborados sob a metodologia.