Buscando promover um espaço de acolhimento e desenvolvimento da autonomia para refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil, o projeto Acolhidos Por Meio Do Trabalho, da AVSI Brasil, e a Força-Tarefa Logística Humanitária da Operação Acolhida ofertam serviços e cursos de educação para a comunidade de pessoas refugiadas e migrantes venezuelanas abrigadas em Boa Vista (RR).
As qualificações acontecem no Centro de Capacitação e Educação (CCE), um espaço com ações humanitárias interagenciais, que desde novembro de 2022 até agosto de 2025 já atendeu mais de 6 mil pessoas com acesso à informação e qualificação profissional com foco para o mercado de trabalho brasileiro.
Até hoje, o espaço já realizou a oferta de 58 cursos, incentivando o conhecimento em áreas como administração, manejo de alimentos, segurança do trabalho, estética, hotelaria, computação, vendas, atendimento e serviços ao público, certificando 4.662 pessoas.
No local, também é possível receber apoio para informações de interiorização nas modalidades por Vaga de Emprego Sinalizada (VES) e Institucional (Abrigo-CBS), sendo o deslocamento voluntário de Roraima para outros estados realizado pela Operação Acolhida.
Para a coordenadora do projeto Acolhidos em Roraima, Jéssica Monteiro, o acolhimento atrelado ao conhecimento é um fator essencial para que migrantes e refugiados se sintam integrados no país de acolhida, uma vez que este cuidado pode resultar em uma maior aprendizagem e motivação das pessoas participantes.
“A participação da comunidade de acolhida em espaços como o CCE é fundamental para que as pessoas iniciem a busca pela autonomia e integração no Brasil. Ao sair dos abrigos e ir em direção ao CCE, buscar cursos ou informações, aos poucos, a pessoa vai se tornando autônoma nos caminhos que quer seguir, acessar e conhecer além dos abrigos”, comenta Jéssica sobre a articulação entre o acolhimento nos abrigos gerenciados pela AVSI Brasil e o acesso a serviços comunitários na região.
Além disso, o acesso à informação oportuniza a retomada do protagonismo e, por meio do trabalho, da independência financeira. “Essas pessoas se tornam conscientes das inúmeras oportunidades que podem ter no país de acolhida, além de poderem escolher o curso ofertado que melhor se encaixa em seu perfil e em sua aspiração de futuro aqui no Brasil. Ao acessar esses espaços, abre-se um leque de oportunidades para que as pessoas se tornem protagonistas de suas próprias jornadas e histórias”, complementa Jéssica.
Os serviços ofertados no CCE geram impacto significativo na vida dos beneficiários, como é o caso da venezuelana Ivonne Mujica, que veio ao Brasil junto com o filho por questões de saúde e buscando qualidade de vida.
“Desde que chegamos aqui, nós fomos muito bem acolhidos. Estamos em um abrigo temporário, onde nos fornecem alimentação e atenção para questões de saúde. No CCE, nos estão dando muito apoio. Agradeço ao Brasil e a Deus por todo esse suporte”, comenta Ivonne.
Recém-chegada ao país, Ivonne agradece o acolhimento das organizações envolvidas e, principalmente, o incentivo para a educação, que para ela representa o começo da jornada para a integração local no Brasil.
“Acabei de participar de um curso de português, com duas semanas de atividades intensas, no qual eu sinto que tive um grande conhecimento. Viemos de um país diferente e não conhecíamos o idioma [português]. Por isso, considero que é muito boa a iniciativa que o projeto Acolhidos tem para a comunidade de acolhida, de poder ajudar a gente a entender e se adaptar ao idioma, visando o processo de interiorização no futuro. É muito importante saber, entender e falar um pouco do português”, destaca.
Sendo um percurso de acolhimento, após a capacitação educacional, a família de Ivone se sente pronta para conquistar o próprio destino. Com o certificado em mãos, a venezuelana optou por seguir rumo a um novo estado brasileiro, apoiada pela estratégia de deslocamento voluntário da Operação Acolhida.
“Estamos em um processo de interiorização neste momento, isso porque tivemos uma melhora na nossa condição de saúde com o apoio oferecido pela equipe. Lá [na cidade de destino] vamos poder começar de novo e esperamos ter nosso próprio empreendimento, trabalhar e prosperar. Agradeço a Deus, porque o projeto Acolhidos e a Operação Acolhida nos deu um grande apoio e muitas informações”, conclui Ivonne.
Atenção a crianças e adolescentes
O Centro de Capacitação e Educação (CCE) também conta com o apoio estratégico do Espaço de Apoio à Criança (EAC), fruto da parceria entre a AVSI Brasil, Operação Aoclhida e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). O espaço oferece atividades recreativas para crianças, permitindo que pais ou responsáveis frequentem as aulas de formação de forma tranquila e segura.
Com essa estrutura, o CCE reforça seu papel como um ambiente de acolhimento e capacitação para migrantes e refugiados venezuelanos, que buscam oportunidades de interiorização em outros estados do Brasil ou integração na cidade de Boa Vista.
Conheça o projeto Acolhidos
O Acolhidos por meio do trabalho visa apoiar a integração socioeconômica de famílias venezuelanas no Brasil. A iniciativa facilita a interiorização voluntária de refugiados e migrantes que estão nos centros de acolhimento em Roraima para cidades brasileiras, onde há oportunidades de trabalho e de integração social e econômica junto a empresas privadas.
A AVSI Brasil auxilia na seleção dos candidatos à vaga de emprego, disponibilizando até três meses de moradia para os selecionados e suas famílias, além de fornecer assistência social nos municípios de destino, de forma a facilitar a adaptação dos venezuelanos junto à comunidade local, o diálogo com a empresa e a permanência do contratado no novo ambiente de trabalho.
