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Keila Cristina

Meu nome é Keila Cristina Souza Mendes, sou ex-recuperanda da APAC...

Meu nome é Keila Cristina Souza Mendes, sou ex-recuperanda da APAC de Itaúna.

Meu caso era considerado como irreversível, mas com a insistência de pessoas que acreditavam em mim, consegui mudar de atitude e hoje colaboro com o método, realizando inspeções nas APACs de todo país.

Apesar de crescer em uma família batalhadora e que muito exigia os estudos, tive uma infância marcada pela constante ausência do meu pai e pela violência doméstica. Aos 15 anos de idade engravidei pela primeira vez e passei a me envolver em atividades criminosas.

A minha vida criminal foi marcada por “sucesso” no narcotráfico, onde passei a enviar drogas para o sistema prisional. Foi em uma tentativa de envio de drogas para a APAC de Itaúna que fui presa pela primeira vez, aos 21 anos. Ao longo do cumprimento da pena e dos livramentos condicionais, segui cometendo crimes e sempre retornava a prisão.

Eu fazia tudo que estava ao meu alcance para não cumprir pena em APACs, pois não conseguia me adequar a metodologia e suas regras. Entretanto, os membros das APACs nunca desistiram de mim.

Em outro caso de reincidência, fui presa novamente e condenada a 15 anos. Transferida para uma prisão de segurança máxima, além de sofrer muitas humilhações por parte dos agentes penitenciários, fiquei ainda, um ano sem visitas familiares, fato que agravou ainda mais o meu estado emocional.

Neste momento, a situação mudou, quando o diretor-executivo da FBAC, Valdeci Ferreira, realizou uma visita ao presídio e prometeu que me transferiria de volta à APAC. Eu já o conhecia de anteriores estadias em APACs e vi na possibilidade de retorno, uma esperança de não perder toda a minha vida naquela situação. Meses depois, a promessa de Valdeci foi realizada e junto a transferência, vieram boas notícias.

Desta vez, como uma nova mentalidade, a fé, a confiança, o respeito e as atividades proporcionadas pela APAC foram a base para que eu mudasse de atitude e, finalmente, cumprisse minha pena de forma íntegra.

Devido a um bom percurso realizado na APAC, após receber a liberdade, fui convidada a trabalhar como encarregada de segurança na APAC feminina de Itaúna. Trabalhei também com a produção de fraldas infantis e 8 meses depois, fui convidada a fazer parte do quadro de funcionários da FBAC, como inspetora de metodologia.

Hoje, com 34 anos, possuo um matrimônio estável e batalho pelo bem de meus três filhos e de meus pais. Com a fé que me move, trabalho arduamente para o resgate dos direitos humanos e para que outros recuperandos também tenham a oportunidade de realizar mudanças em suas vidas, tendo a minha trajetória como exemplo de perseverança, motivação e luta.