Por: Dimicaele Borges
Quando ingressou no projeto, ainda criança, Ana Clara não imaginava que anos depois se tornaria estagiária da Defensoria Pública de Catu (BA). O incentivo dos educadores e os vínculos criados no projeto fortaleceram sua confiança e mostraram que era possível ir além.
Moradora da comunidade de Pedras — acompanhada pelo Ciranda Viva há mais de uma década —, Ana participou de diversas atividades desde o início. Começou pelo Ciranda Esportiva, nas aulas de futsal, onde descobriu o poder do esporte para fortalecer a autoestima e a autoconfiança.
“O esporte me ajudou a crescer como pessoa — não apenas fisicamente, mas mentalmente. Ajudou na minha confiança e na autoestima. Até porque, pra fazer um gol, é preciso acreditar que é capaz, e esse é um aprendizado pra vida: tudo o que eu quiser conquistar, será preciso acreditar”, destaca.
A leitura como paixão
Em paralelo às aulas de futsal e educação física, Ana Clara integrou-se também ao Ciranda Educativa, na modalidade de leitura — espaço onde descobriu sua maior paixão: a literatura.
Algum tempo depois, sua mãe, Josenilda Bispo, conhecida como pró Nilda, foi contratada como pedagoga do projeto, o que tornou o ambiente ainda mais significativo para Ana.
“A presença da minha mãe fazia com que eu não tivesse medo de errar, assim como ela conseguia fazer com os outros alunos. Eu amava ver minha mãe ensinando, aquilo sempre foi inspirador pra mim, só fazia com que eu quisesse ler ainda mais. Com ela, aprendi que o erro faz parte do processo de aprendizagem.”
Do tatame para a vida
Aos 12 anos, outra atividade passou a fazer parte de sua rotina: o jiu-jitsu, modalidade em que hoje se orgulha de já ter alcançado a faixa verde.
“Quando comecei, achava que era só mais um esporte, mas com o tempo percebi que ele é muito mais do que isso. O jiu-jitsu me ensinou a ter paciência, disciplina e, principalmente, determinação”, conta.
Primeiros passos no mundo do trabalho
Aos 15 anos, Ana Clara iniciou a Formação para o Mundo do Trabalho, nova modalidade do Ciranda Viva voltada para preparar adolescentes beneficiários para o mercado profissional.
Com a orientação da psicóloga Paola Possari e da recrutadora da PetroReconcavo, Jamile Fuentes, os jovens participaram de dinâmicas e discussões sobre comportamento, autoconhecimento e desafios do ambiente corporativo.
“Foi por conta da formação que consegui conhecer meus pontos fortes e identificar os fracos, para a partir daí trabalhá-los no meu crescimento pessoal e profissional. Paola nos ensinou que é preciso ser autoconfiante na medida certa, pra não deixar nem o ego nem a insegurança falarem mais alto”, relembra.
Nova etapa e gratidão
Ana Clara soube da vaga de estágio de nível médio na Defensoria Pública de Catu – BA por meio de um post nas redes sociais da tia. Mesmo insegura, decidiu se inscrever ao perceber que poderia contribuir para a vida de outras pessoas — assim como o projeto Ciranda Viva contribuiu para a dela.
Aprovada no processo seletivo, inicia uma nova etapa com entusiasmo e reconhecimento pelo caminho construído.
“Eu estou com expectativas muito altas sobre esse novo emprego. Quero aprender, absorver o máximo de conhecimento e ajudar muitas pessoas. Mesmo sabendo que estou cada dia mais próxima de deixar o Ciranda Viva, meu sentimento maior é de gratidão por toda a influência positiva que o projeto teve — e sempre terá — na minha vida.”


