O projeto “Escolas Saudáveis e Sustentáveis, Amigas de Meninas e Meninos Pernambucanos”, buscando melhorar as condições de água, saneamento e higiene nas escolas, realizará durante o período de 11 de março a 05 de maio, um ciclo de ações educativas com a temática central “higiene no ambiente escolar e dignidade menstrual”.
Buscando envolver alunos, gestores e educadores, a iniciativa também pretende lançar um concurso destinado a estudantes do Ensino Fundamental II. A proposta do concurso será a criação de materiais educativos sobre saúde e higiene no ambiente escolar e dignidade menstrual. Os materiais mais criativos, originais e relevantes para a comunidade escolar serão transformados em peças de comunicação e divulgados na mídia, dando alcance à mensagem sob a ótica dos próprios adolescentes.
No total, 8.000 alunos de 41 escolas localizadas nos municípios de Araripina, Bodocó, Cumaru, Itaíba, Lagos dos Gatos e Ouricuri, no semiárido pernambucano, serão beneficiadas com as ações e oficinas. O projeto “Escolas Saudáveis e Sustentáveis, Amigas de Meninas e Meninos Pernambucanos” é realizado pela AVSI Brasil e o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), em parceria com a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
A ação iniciou no dia 11 de março em 3 escolas do município de Cumaru. Cerca de 1.200 alunos foram beneficiados com palestras, oficinas e 450 kits de higiene (absorventes e porta absorventes) foram distribuídos para as meninas.
Para Jaciane Bezerra, professora na Escola Municipal Maria Conceição Bizerra, as ações abriram os olhos das escolas para acolher melhor esses assuntos e tratar com um olhar mais empático e solidário.
“Tivemos uma ótima experiência com a palestra do UNICEF junto à AVSI, pois trouxe para a realidade dos nossos alunos temas bastante pertinentes como a saúde e higiene no ambiente escolar e a dignidade menstrual feminina, que por vezes é pouco abordado. Trouxe à tona para nossos alunos a pobreza menstrual e a dificuldade que muitas meninas, mulheres e pessoas que menstruam passam durante esse período”, afirma a professora.
Maria Julia, aluna na escola Municipal de Cumaru, contou sua impressão sobre as palestras: “foram boas, porque conseguimos tirar muitas dúvidas sobre o tema da menstruação. Não falávamos sobre isso. É importante saber que a menstruação é normal, não precisamos ficar com vergonha. Também acho importante falar sobre esse tema com os meninos, para eles compreenderem o que passamos”.
Ações futuras
Na ocasião do início das ações educativas, também foi realizado uma reunião com Antônio Americo Medeiros, prefeito interino e presidente da Câmara dos Vereadores de Cumaru (PE), o encontro contou também com a presença dos secretários, técnicos da educação, assistência, infraestrutura e saúde. Durante a reunião, foi entregue um Dossiê acerca da infraestrutura de água, saneamento e higiene nas escolas, o documento produzido pelo projeto foi elaborado a partir de visitas técnicas realizadas em 5 escolas dos municípios.
Esse panorama geral, aliado a um relatório individual de cada escola, poderá, de um lado, nortear o planejamento e a intervenção do poder público e, por outro, auxiliar na definição de quatro escolas que receberão intervenções físicas diretas do projeto.
Higiene e saúde menstrual
O relatório do UNICEF e UNFPA, intitulado “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos” aponta que meninas perdem até 25 dias de aula seja por falta de absorvente ou de um banheiro adequado na escola, por vergonha sobre falar sobre o assunto ou por ser alvo de situações constrangedoras ou embaraçosas para a menina menstruada. “Dignidade menstrual é ter acesso à informação, não ter vergonha de algo natural que é a menstruação, ter acesso a um banheiro adequado e com estrutura para lavar as mãos”, informa a Oficial de Desenvolvimento e Participação do UNICEF, Luiza Leitão.
“É muito importante não apenas conscientizar os jovens, mas também torná-los protagonistas em prol de um ambiente escolar acolhedor e inclusivo. Neste sentido, queremos engajá-los nesta campanha”, complementa a gerente de projetos da AVSI Brasil, Tatiana Belo.
Resultados do projeto até o momento
- Visitas técnicas a 56 escolas dos 6 municípios participantes, para avaliação da infraestrutura de água saneamento e higiene com elaboração de um diagnóstico e recomendações de intervenções para a melhoria da infraestrutura de água e saneamento.
- Definição de 40 escolas que terão ações de infraestrutura, sendo aquisição e instalação de cisternas, melhorias na infraestrutura de banheiros, instalação de sistemas de captação de água de chuvas.
- Capacitações para 253 gestores e funcionários públicos dos seis municípios para o uso sustentável da água e melhoria da infraestrutura de água, saneamento e higiene no ambiente escolar através da captação de recursos nacionais e internacionais, incluindo o PDDE água.
Dados do Projeto
Como parte da estratégia “TEM Água”, o UNICEF e a AVSI Brasil iniciaram, em agosto de 2023, as atividades do projeto “Escolas Saudáveis e Sustentáveis, Amigas de Meninas e Meninos Pernambucanos”, visando o fortalecimento das políticas públicas e o aprimoramento do acesso à água, saneamento e higiene nas escolas, incluindo a promoção da saúde menstrual das suas alunas.
A iniciativa prevê alcançar, até julho de 2024, mais de 160 escolas e 8 mil crianças e adolescentes por meio da atuação em diversas frentes de trabalho. Entre as principais ações estão o aprimoramento da infraestrutura sanitária, a incidência nas políticas públicas, capacitação dos gestores e corpo discente voltado à temática da água e à sensibilização da dignidade menstrual, com doações de absorventes e campanhas educacionais. Para as atividades do projeto, o UNICEF conta com a parceria da Igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
TEM Água
A estratégia TEM Água é uma iniciativa do UNICEF, voltada para contribuir com o acesso à água potável e ao saneamento, que inclui capacitação de municípios, trabalho em escolas e comunidades indígenas e povos tradicionais. A estratégia tem como objetivo garantir ambientes mais seguros para crianças, adolescentes e famílias, bem como para promover práticas de higiene em áreas urbanas e rurais, inclusive em situações de emergência.
