Por Maiara Bersch – Roraima
O auditório do Senac em Boa Vista foi palco, na última quinta-feira (27), de uma celebração que uniu superação, resiliência e esperança renovada. A formatura da terceira turma de 2025 do projeto Empoderando Refugiadas coroou um ciclo de transformação na vida de 20 mulheres refugiadas e migrantes com mais de 50 anos – um marco inédito na história da iniciativa. Ao longo deste ano, o projeto já impactou 56 mulheres no total, reafirmando seu compromisso com a promoção da autonomia socioeconômica.
Para Cipriana Morillo, 62 anos, participar do projeto representou um recomeço cheio de significado. “Vi a oportunidade e me agradou, me entusiasmou, e pensei: vou tentar!”, relembra. “Foi muito bonito, porque compartilhei com muitas mulheres da minha idade e a professora nos ensinou muitas coisas, como administrar as finanças, por exemplo. A idade é só um número! Com intenção, ânimo e vontade podemos conquistar tudo”, comemora.
Capacitação profissional e conexão com o mercado

Durante o programa, as participantes concluíram 80 horas de capacitação profissional em módulos ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), com conteúdos que incluíram desde direitos trabalhistas até técnicas de vendas, planejamento financeiro, português para negócios e desenvolvimento socioemocional. Além da formação técnica, as mulheres tiveram a oportunidade de ampliar suas redes de apoio e conectar-se com o setor privado.
Entre as atividades práticas, destacou-se a visita à Lojas Renner no Pátio Roraima Shopping, realizada em parceria com o Instituto Lojas Renner. Na ocasião, as participantes conversaram com lideranças da empresa e conheceram a trajetória de uma ex-participante do projeto que hoje integra o quadro de colaboradores da rede.
Luiselis de Los Angeles, que passou pelo Empoderando Refugiadas em 2021 e hoje está há cinco anos na empresa, compartilhou sua experiência: “Cheguei ao curso e foi uma bênção para mim. Todas nós sabemos como é difícil estar em outro país, muitas vezes sem dinheiro, sem familiares e ainda assim conseguir seguir adiante por meio dos nossos estudos e esforços”. Seu recado para as formandas foi direto: “Não importa a idade ou o que passaram. Sigam adiante e deem o seu melhor. Esse país é lindo e tem muitas oportunidades”.
Reinvenção e legado inspirador

Segundo Heide Sucre, assistente de Meios de Vida da AVSI Brasil e ponto focal do projeto, a turma 50+ demonstrou notável dedicação e força. “A capacidade dessas mulheres de se reinventar e acreditar em novas possibilidades é inspiradora”, afirma. “Elas ampliaram seus horizontes, fortaleceram a autoestima e se prepararam para novas oportunidades profissionais, mostrando o impacto do projeto. Encerram essa etapa deixando um legado de coragem, determinação e esperança”.
O Empoderando Refugiadas é uma iniciativa da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), ONU Mulheres e Pacto Global, com implementação da AVSI Brasil em Boa Vista. A atuação do projeto inclui desde capacitação e articulação com o mercado de trabalho até apoio à interiorização, acompanhamento pós-contratação e suporte a familiares, contribuindo para a estabilidade econômica de todo o núcleo familiar.
Guiada pela missão de promover autonomia por meio da inclusão no mercado de trabalho formal e da sensibilização do setor privado, a iniciativa reforça, a cada formatura, que a integração social e econômica é possível em qualquer fase da vida.