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Recuperandos das APACs produzirão 60 mil refeições para pessoas que vivem em situações precárias

Iniciativa acontece através de parceria entre AVSI Brasil e FBAC e com recursos doados pela União Europeia.

Recuperandos de 10 APACs de Minas Gerais, Paraná e do Maranhão aceitaram o desafio de produzir, em conjunto, 60 mil refeições até dezembro de 2021 para serem distribuídas a pessoas em situação de rua ou de vulnerabilidade das áreas do entorno das instituições. A ação faz parte da campanha intitulada “Alimentando a Esperança – Paz, Justiça e Cidadania”, que tem o apoio da AVSI Brasil, por meio do projeto Além das Fronteiras Brasileiras (Mas Allá de las Fronteras), em parceria com a Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC). Os recursos para a produção e distribuição das refeições vêm da União Europeia.

A produção de alimentos já começou na APAC de Paracatu (MG), feita pelos próprios recuperandos, que também são responsáveis pela distribuição. A autoadministração será adotada em todas as APACs que aderiram ao projeto, como nas cidades de Manhuaçu, Pirapora, São João Del-Rei (APAC feminina e masculina) e Itaúna, todas em Minas Gerais. Outras unidades que ainda se integrarão ao projeto estão em fase de negociação com a AVSI. As APACs deverão prestar contas do uso dos recursos e do número de refeições produzidas e distribuídas.

“O projeto Alimentando a Esperança coloca uma série de desafios aos recuperandos e às APACs, como a administração de recursos, a organização de tarefas e as metas a cumprir”, diz Jacopo Sabatiello, vice-presidente da AVSI Brasil. “Ao mesmo tempo, é uma forma de se demonstrar à sociedade o papel que as pessoas em cumprimento de pena podem desenvolver ao contribuir para aquelas em situação de fome, e com isso, jogar luz sobre a importância de um sistema prisional humanizado”, diz ele.

Assim, além de fornecer alimentação para quem precisa, a campanha pretende dar evidência ao Método APAC como uma alternativa ao sistema prisional comum. “Sem perder de vista a finalidade punitiva da pena, as APACs acreditam que a humanização das prisões contribui para a reintegração bem-sucedida do egresso na sociedade”, explica Valdeci Ferreira, diretor executivo da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC). Segundo ele, os indicadores comprovam a eficiência do método. Nas APACs, por exemplo, a taxa de reincidência é de 15% entre os recuperandos homens e 5% entre as mulheres. No sistema comum, esse número salta para cerca de 80% no masculino e 15% no feminino.

Pelo Método APAC, os recuperandos são responsáveis pela cogestão, organização e até mesmo pela segurança e disciplina. No caso da atual campanha, os alimentos serão processados e preparados dentro das cozinhas das APACs, equipadas para a produção das refeições. Algumas delas, por exemplo, são equipadas com fornos de padaria. Em 2020, APACs de Minas e do Maranhão produziram 360 mil máscaras anticoronavírus que foram distribuídas às comunidades.