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Grupo de venezuelanos desembarca em Caxias do Sul para trabalhar em indústria frigorífica

Migrantes e refugiados estavam em abrigos da Operação Acolhida e foram selecionados pelo projeto Acolhidos por meio do trabalho

Um grupo com 46 migrantes e refugiados venezuelanos chegou na cidade de Caxias do Sul (RS), no domingo, 20, dia em que se comemora o Dia Mundial dos Refugiados.  29 deles foram aprovados para trabalhar em uma indústria de alimentos na cidade.  Eles estavam em Roraima, depois que deixaram seu país de origem devido à crise econômica e social. A maioria das famílias vivia em abrigos para migrantes, instalados pela Operação Acolhida. O grupo é composto por diversas famílias, incluindo crianças.

A oportunidade de emprego na região surgiu a partir de uma ação da Operação Acolhida, força-tarefa liderada pelo governo federal, em parceria com uma empresa de alimentos, que abriu diversos processos seletivos em Boa Vista (RR) para postos de trabalho em três unidades no Rio Grande do Sul (Caxias do Sul, Garibaldi e Montenegro) e para uma unidade em Passos (MG). Para a unidade de Caxias do Sul, as entrevistas de emprego foram acompanhadas pela AVSI Brasil, através do projeto Acolhidos por meio do trabalho. O projeto irá prever moradia temporária e suporte para alimentação durante três meses para as 46 pessoas interiorizadas. Financiado com recursos do governo norte-americano, o projeto também garante o acompanhamento de um assistente social para apoiá-los na integração com a empresa e na comunidade local durante esse período.

A gerente do Acolhidos por meio do trabalho, Thais Braga, explica que o acompanhamento do assistente social é fundamental para que os refugiados se sintam inseridos na nova cidade. “Este profissional fará visitas de rotina e prestará suporte com informações da região e irá apresentar os serviços públicos locais, entre outros pontos. Isso é muito importante, já que essas famílias acabaram de chegar em um local que não conhecem”, pondera Thais. Ela também explica que o assistente social irá acompanhar toda a transição do grupo. “A partir do quarto mês, cada colaborador ficará responsável pelo seu aluguel, já prevendo seus proventos. Então durante todo esse período, o assistente social prestará informações de educação financeira e irá acompanhar a autonomia do grupo, para que o projeto se encerre ao mesmo tempo em que eles já estiverem inseridos e com independência financeira para seguir suas vidas”, explica.

Chegada no Rio Grande do Sul

Os migrantes desembarcaram no aeroporto de Porto Alegre (RS) no dia 20 de junho. As passagens aéreas foram cedidas pela Operação Acolhida. Ao chegarem no estado, eles foram realocados para as cidades de Caxias do Sul, Montenegro e Garibaldi, onde irão trabalhar e refazer suas vidas ao lado de suas famílias que os acompanharam nesta interiorização. O grupo de Caxias do Sul será acompanhado pelo projeto Acolhidos por meio do trabalho e já foi acomodado em habitações temporárias.

Os novos contratados começarão as atividades no final deste mês e terão um dia de interação com os colaboradores da empresa para adaptação. Eles já concluíram todas as etapas do processo seletivo e estão com as documentações e vacinas em dia, inclusive com os testes de Covid-19. A empresa também vem adotando todas as medidas preventivas em seu quadro de colaboradores, como controle de higienização, uso de máscaras, aferição de temperatura diária.

Esta é a segunda interiorização realizada em parceria com o projeto Acolhidos por meio do trabalho no estado do Rio Grande do Sul. A primeira ocorreu em outubro, quando uma família foi interiorizada para a cidade de Frederico Westphalen. Em 19 meses o Acolhidos por meio do trabalho já realizou a interiorização de 781 migrantes venezuelanos no Brasil, sendo 401 para trabalhar em outros estados e 380 acompanhantes familiares.

Crise na Venezuela

A Venezuela enfrenta uma intensa situação política, econômica e social, que foi reconhecida pela comunidade internacional como uma crise humanitária. Como resultado dessa crise, desde 2018 milhares de venezuelanos fugiram pela fronteira brasileira em busca de abrigo, gerando pressões sociais e econômicas no estado de Roraima, especialmente nas cidades de Boa Vista e Pacaraima.

Segundo dados da Operação Acolhida, mais de 890 mil atendimentos foram realizados na fronteira entre Brasil e Venezuela desde o início da crise. Desse número, 265 mil venezuelanos solicitaram regularização migratória no Brasil.

A interiorização é a principal estratégia do Estado Brasileiro para promover a inclusão socioeconômica de quem está na Operação Acolhida, como refugiados ou migrantes venezuelanos. Até junho de 2021, já foram interiorizadas mais de 53 mil pessoas para mais de 700 cidades do Brasil pela força-tarefa. Existem diferentes modalidades de interiorização, que incluem: saída de abrigos em Roraima para abrigos em uma das cidades de destino; reunificação familiar; reunião social; e com vaga de emprego e empresa sinalizada.

Acolhidos por meio do trabalho

Idealizado pela AVSI Brasil para fortalecer as ações da força-tarefa humanitária da Operação Acolhida, o projeto Acolhidos por meio do trabalho também atua com brasileiros em situação de vulnerabilidade. No Nordeste, desenvolve iniciativas específicas na região de Novos Alagados, em Salvador, onde implementa cursos de capacitação profissional, com certificados para pessoas a partir de 15 anos e também prospecta vagas de emprego para quem conclui os cursos.

O projeto tem o envolvimento do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), da Fundação AVSI e AVSI-USA e é financiado pelo Departamento de População, Refugiados e Migração (PRM) do Governo dos Estados Unidos, além do apoio institucional da Casa Civil da Presidência da República, da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e de entidades da sociedade civil que atuam na temática do refúgio e da migração.