Tayna Silva Marcelo
A Casa Bom Samaritano (CBS) em Brasília recebeu a visita especial da primeira-dama, Janja (Rosangela Lula da Silva). Acompanhada por sua equipe e pelos representantes da Casa, Janja pôde conhecer as ações realizadas pela Fundação AVSI e pelo Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), no âmbito do projeto Acolhidos por meio do trabalho, parte da Operação Acolhida.
A primeira-dama foi recepcionada pela irmã Rosita Milesi, missionária scalabriniana e diretora do IMDH, pelo Frei Jorge Luiz Soares da Silva, representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela diretora da AVSI na Casa Bom Samaritano, Graziella Guimarães. Durante a visita, Janja conversou com famílias acolhidas e participou de uma celebração de Páscoa organizada pela equipe técnica e por voluntários da CBS.

O evento contou com a presença de autoridades como o secretário nacional de Justiça e presidente do CONARE, Dr. Jean Uema, e o secretário nacional de Assistência Social, André Quintão, acompanhado de Regis Spíndola. Também participaram Petrick Costa, Gerente Especial do projeto Acolhidos por Meio do Trabalho, o representante do ACNUR no Brasil, Davide Torzilli, e representantes do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.
A programação incluiu uma festa de Páscoa com a participação dos beneficiários, promovida com o apoio do Projeto Balcão do Refugiado, sob coordenação da professora Raquel Boing e seus alunos. Janja distribuiu chocolates às crianças e interagiu de forma descontraída com as famílias, reforçando o espírito acolhedor do evento e da Casa Bom Samaritano.
Para Graziella Guimarães, a visita da primeira-dama trouxe visibilidade para a Casa Bom Samaritano e demonstrou o interesse do governo em conhecer a instituição e a vida dos migrantes. “A primeira-dama foi acessível, conheceu o projeto, ouviu as famílias e entendeu os desafios enfrentados, tanto pelas famílias quanto pela instituição”.

Graziela ainda destaca que a primeira-dama se disponibilizou a levar as questões dos migrantes diretamente ao presidente, prometendo lutar por políticas públicas específicas e retornar mais vezes para apoiar a causa.
Visivelmente emocionada, Janja agradeceu à equipe da Casa pelo trabalho humanitário e ressaltou a importância do tema para o Governo Federal. “A mobilidade humana é um dos maiores desafios da nossa época e um compromisso do Governo Federal é apoiar iniciativas como esta”, afirmou. Ela também manifestou interesse em visitar, em breve, os abrigos da Operação Acolhida, em Roraima.
Um dos assuntos abordados durante a visita, foi uma demanda específica das famílias migrantes no Brasil, a validação dos diplomas, crucial para que essas pessoas possam exercer suas profissões no Brasil. “Muitos acabam trabalhando em empregos de menor qualificação devido à falta de validação de seus diplomas. A primeira dama se sensibilizou com a questão e se comprometeu a buscar soluções para facilitar a validação dos diplomas dos migrantes.” Conta Graziella.

Em seu discurso de boas-vindas, irmã Rosita destacou a relevância da temática migratória e a necessidade de cooperação entre Estado, sociedade civil e organismos internacionais para a continuidade do trabalho de acolhida. Ela também fez uma associação entre a jornada dos migrantes e o tempo pascal que se aproxima: “Este momento vivido aqui, nesta Casa, é um tempo de superar desafios e dificuldades vividas na jornada migratória, e é, acima de tudo, um tempo de alcançar o sentido central do tempo pascal, a ressurreição, onde migrantes, refugiadas e refugiados acolhidos na Casa Bom Samaritano reavivam sua esperança e buscam forças para um caminho de integração, de proteção e de paz em nosso país”, destacou

Um espaço de acolhimento para migrantes e refugiados
Desde sua inauguração, em 2021, o Centro de Acolhida Casa Bom Samaritano já acolheu 913 refugiados e migrantes venezuelanos. Atualmente, a Casa abriga 68 pessoas — entre elas, 37 crianças e adolescentes.
A CBS é fruto de uma parceria entre a AVSI Brasil e o IMDH/Fundação Scalabriniana, com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que cedeu gratuitamente o espaço. O Centro oferece moradia temporária por até três meses, com apoio integral às famílias e inserção laboral de pelo menos uma pessoa da família. O acolhimento ocorre por meio da Interiorização Institucional (Abrigo–CBS), estratégia pela qual famílias são transferidas de abrigos em Boa Vista (RR) para Brasília, onde são acolhidas temporariamente e apoiadas para sua integração com autonomia.
A interiorização vinculada à Casa Bom Samaritano integra a estratégia nacional coordenada pela Operação Acolhida e por organizações como a AVSI Brasil e o IMDH. O objetivo é promover a inclusão socioeconômica de migrantes e refugiados venezuelanos, retirando-os da situação de vulnerabilidade nos abrigos de Roraima e conectando-os a novas oportunidades em outras regiões do país.
No período de estadia em Brasília, as famílias recebem moradia, alimentação, apoio assistencial e orientação para acessar serviços públicos como SUS e educação. Também recebem auxílio financeiro via cartão-alimentação, cestas básicas e de limpeza, além de acompanhamento na adaptação à nova rotina.
A visita da primeira-dama Janja Lula reforça o reconhecimento institucional à importância da atuação conjunta entre governo federal, sociedade civil e setor privado para garantir acolhimento digno e oportunidades reais de recomeço para quem chega ao Brasil buscando reconstruir a vida.
Desde 2019, o projeto Acolhidos por meio do trabalho viabilizou a contratação de 1.527 migrantes venezuelanos por meio de uma rede com mais de 50 empresas, especialmente no DF, Goiás e Santa Catarina. O processo é acompanhado em todas as fases: da pré-interiorização em Roraima até o suporte nas cidades de destino, com foco em qualificação profissional, apoio psicológico e integração socioeconômica.
Fotos: Cláudio Kbene