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Venezuelanos comemoram dia mundial do refugiado em abrigos de Roraima

Com o apoio de colaboradores da AVSI Brasil, atividades especiais foram realizadas para celebrar o dia

Em homenagem ao dia mundial dos refugiados, comemorado no mês de junho, foram desenvolvidas atividades especiais nos abrigos localizados em Roraima e gerenciados pela AVSI Brasil, em parceria com a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR).

Na cidade de Pacaraima, no abrigo BV8, voltado para acolher migrantes e refugiados na modalidade de pernoite, aconteceram ações informativas e recreativas abordando temas da saúde, educação e esporte. Os venezuelanos puderam participar de oficinas de bordado em máscaras, roda de conversa sobre higiene bucal, dinâmicas em grupo sobre educação sexual e gincana para crianças de 6 a 12 anos.

Além das atividades presenciais, também foi organizado um webinar que contou com a participação do diretor da Missão Paz, padre Paolo Parise, que falou sobre oportunidades de emprego em pequenas e médias cidades do Brasil. Representantes do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) também participaram do momento onde esclareceram dúvidas gerais relacionadas às leis brasileiras e documentação.

No dia 20, a programação encerrou com a realização de um show de talentos que reuniu apresentações com danças e músicas. A oficial de participação comunitária do abrigo, Alethea Rodrigues, esteve à frente da organização do evento, mas também participou apresentando uma dança temática do Brasil. “Diariamente nossos beneficiários mostram interesse em conhecer mais sobre a música brasileira e ver o sorriso no rosto de cada um que estava assistindo foi simplesmente impagável”, conta a colaboradora.

O venezuelano Mia de Los Angeles destacou que atividades como essa são importantes para a integração dos dois países: “Organizamos e ensaiamos a apresentação para mostrarmos que temos muitos talentos na Venezuela. O Brasil é um país que não nos exclui. Cheguei aqui, tive a porta aberta e sou grato por isso”.

Boa Vista

Na capital Boa Vista, a programação especial aconteceu nos abrigos São Vicente 1, Rondon 1 e Rondon 2.

A comemoração no abrigo São Vicente 1 foi organizada pelos próprios refugiados e migrantes com o apoio dos colaboradores da AVSI Brasil. As atividades foram realizadas com o objetivo de reforçar o propósito que cada refugiado trouxe consigo ao atravessar a fronteira para o Brasil.

Cerca de 60 pessoas participaram da comemoração que também contou com a presença do contingente militar. O dia foi iniciado com pinturas nos rostos das crianças e apresentação musical realizada por beneficiárias. Também aconteceram dublagens musicais, apresentação de teatro infantil e apresentação de um coral de crianças.

Segundo o beneficiário Emir Malave, o evento foi muito especial, pois desde que chegaram ao Brasil estão recebendo todo apoio brasileiro para que possam seguir alcançando os seus objetivos. O venezuelano destaca ainda que foi um dia de muita gratidão.

No abrigo Rondon 2, um workshop sobre documentação de refúgio e residência foi realizado para esclarecer as dúvidas dos venezuelanos. Na ocasião, eles também puderam compreender melhor sobre os direitos humanos e seus direitos como migrantes.

Para encerrar a programação foi organizado, em parceria com a equipe da organização Pirilampos, uma festa junina com apresentações de dança de grupos de todas as idades.

“A atividade trouxe, além de informação, um dia de alegria e diversão, melhorando o convívio entre os beneficiários. Isso nos mostra a grande relevância que a iniciativa trouxe para os envolvidos”, destacou Tanner Menezes, oficial de participação comunitária.

A festa também foi uma grande oportunidade para o venezuelano Israel, de 19 anos, colocar em prática uma paixão que trouxe do seu país natal: a dança. “Sou coreógrafo e cantor. Na Venezuela, tinha um grupo chamado ‘Tribo de Levi’ que se apresentava em diferentes lugares. Para o dia do refugiado, realizei a audição dos inscritos, onde analisei a dança de cada um e coreografei duas apresentações”, conta o rapaz.

Com o sucesso da apresentação e o interesse das pessoas em participar do grupo, Israel decidiu seguir com o projeto de dança. “Posteriormente farei novas audições para selecionar pessoas que tenham mais aptidão para dança. Durante as aulas, que acontecerão quatro vezes na semana, irei ensina-los a dançar todo tipo de ritmos e músicas”.

Já no abrigo Rondon 1, foi organizado uma mostra artística que reuniu trabalhos que foram confeccionados pelos refugiados em oficinas de argila e pintura sobre tecido. Além disso, os beneficiários também puderam produzir um conteúdo audiovisual entrevistando moradores da região, sob orientação do fotografo e videógrafo, Frank Vargas.

Exposição de arte

O ACNUR, agência da ONU para refugiados, junto com a AVSI Brasil e outras organizações parceiras, organizou uma exposição de artes e artesanatos criados por artesãs indígenas e artistas plásticos venezuelanos abrigados pela Operação Acolhida. A exposição aconteceu no shopping Garden, em Boa Vista, nos dias 17 a 19 de junho.

A ação foi realizada como parte da programação especial do dia mundial do refugiado e teve como objetivo principal dar visibilidade ao trabalho artístico que continua sendo produzido pelos migrantes nos centros de acolhida.

“O artesanato é importante tanto como tradição, passada de geração a geração, mas também como fonte de renda e nos identifica com mulheres empreendedoras. Queremos trazer um pouco da nossa cultura para o povo brasileiro e assim encontrar formas de sustentar nossas famílias”, explicou Alejandrina Gonzalez de Zapata, indígena e artesã Warao, em entrevista ao ACNUR.